sábado, 26 de janeiro de 2008


Prezados Seres Humanos

Atenção! Atenção!

Habitantes do planeta terra!
Eu sou um enviado especial dos céus, vim aqui para cobrar a conta!
Há anos vocês vêm consumindo o que nãos lhes pertence, matando quem pensam estar sobre o jugo, torturando, brincando com vidas e reduzindo a nada beleza e pureza dos ciclios desse planeta. Tentamos antes algumas intervenções, primeiro vulvões, depois tornados, furacões e até ondas gigantes, mas vocês não pararam, quem são vocês? Ou melhor o que são vocês?
Seus desgraçados, filhos da... Antes eu sentia pena das crianças mas estou agora com dúvidas quanto a isso, porque vocês todos foram crianaças um dia e muitos brincando com a vida desde cedo, não é mesmo?
Caçando por esporte, e muitos depois de adulto caçam, ou pensam que não conheço suas rinhas e touradas?
Então...
Agora meus amigos, digo, meus inimigos, é hora de pagar a conta. Eu já fui piedoso antes, achei que devido a seus avanços em tecnologia os traria cada vezmais sabedoria, e o que eu vejo? Um desprezo total por quem não é vocês, por quem não tem o mesmo diploma que você ou seu maldito automóvel ou seu maldito dinheiro que sem você saber nada mais é do que seu passaporte para o porão do mundo.
Então seres desumanos, agora vocês sentirão na pele a dor a humilhação que causaram durante tanto tempo.
He He He, assustei vocês? Tudo não passa de uma brincadeira...
Acontece que não sou enviado dos céus, He He He, peguei vocês!
Sou enviado do inferno seus ordinários! Os céus desistiram de vocês, apenas acolhem as boas almas que vocês enviam as centenas diariamente.
E a propósito quanto a conta que vocês têm de pagar... continuam em dídiva, e ferrados!

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Janela do Tempo...

A netinha estava eufórica. Viajar para a casa da avó era seu presente após a conclusão da primeira série da escola.
Sua mãe a colocou no ônibus das 7:00 horas, com chegada prevista na cidadezinha vizinha em torno de 9:00 horas. Precisamente, as 9:00 lá estava ela recebendo um abraço apertado da sua avó que já a esperava há mais de meia hora, que era por garantia. A senhora usava um vestido florido, longo, era magra, tinha cabelos brancos e rosto rude, mas um coração derretido pela jovem presença em seu lar com tão pouca vida e cor. O marido, que fora empregado na rede ferroviária por muitos anos havia sofrido um acidente de trabalho e não saía mais da cama. A netinha apertava forte a mão do avô, que observava o semblante gracioso da jovem com sorriso verdadeiro de dentinhos pequeninos e olhos expressivos completando a beleza do rostinho infantil, coberto por lisos cabelos castanhos que chegavam até seu ombro.
- Laurinha, deixa teu avô descançar querida, vem que a vó vai te dar um cafezinho com doce do jeito que tu gosta! - E dessa maneira os dias foram passando, com atividades diversificadas, como visita as senhoras amigas de sua avó, curso de crochê, passeios pelo parque e o auxilio que dava a velha senhora para cuidar da saúde do avô.
Numa tarde após o almoço e a limpeza da cozinha sua avó quis dormir um pouco para repor as energias.
Laurinha quis ler. A biblioteca que o avô cultivara possuía volumes que variavam entre metafísica a contos de fada. Um luxo cultivado com carinho pelo bom homem. Mas um luxo com um ar de mistério, prateleiras lotadas de livros em uma sala pouco iluminada.
A menina bastante curiosa folhava todos quantos podia até que viu uma coleção, que não sabia de que era, mas pela aparência despertou sua atenção. Dez volumes em capa dura, azuis e bem preservados, mas sem indicação do título na capa. Resolveu então tirá-los da prateleira e investigar a respeito de que o livro falava. Após tirar todos os livros Laurinha percebeu que havia uma janela escondida atrás da prateleira, que foi parcialmente mostrada com a retirada dos volumes. Ela sabia que atrás daquela parede havia uma velha peça onde sua avó guardava entulhos do dia-a-dia e que não queria que ninguém entrasse.
Curiosidade.
Tirou mais livros, revelando toda a janela, abria para fora, mas estava cadeada. Lembrou de um chaveiro que seu avô carregava sempre pendurado no cinto e que agora repousava sobre um prego ao lado da porta da cozinha. Acertou, uma das chaves era mesmo daquele cadeado. teve receio de empurrar a as folhas da janela, pois poderia derrubar algo que estivesse na salinha ao lado. Mas o fez com calma, e surpreendeu-se muito ao sentir o sol banhando seu rosto. Abriu enfim toda a janela, e viu a coisa mais impressionante que seus olhinhos já haviam visto. A rua não estava mais pavimentada, nem mesmo havia calçada em frente a casa de sua avó, o que havia era uma rua de chão batido com crianças disputando espaço em um jogo de futebol, meninos e meninas vestidos todos com roupinhas de gente grande. Olhou para a porta da biblioteca para certificar-se de que sua avó não a encontraria fazendo arte. Ao avistar um grupo de menininhas, como ela, pulou a janela para ir ao seu encontro.
A senhora acordou as 14:25, foi na cozinha, bebeu água enquanto assistia carros ritmados na rua em frente a sua casa. Caminhou até o banheiro e no caminho viu a bagunça na biblioteca, a janela aberta. Intrigou-se mas apenas fechou-a sem muitos questionamentos. Ouviu a campanhia.
pelo olho mágico viu sua velha amiga que há décadas não via pois havia partido em busca de seus parentes, após um trauma na infância quando perdeu-se. A velha senhora animou-se com a visita!
-Laura! Meu Deus que alegria em te ver!
Quando recebeu um abraço forte desta senhora
-Vó, quanta saudade da senhora!
-Que isso Laura, estou tão mais velha assim que tu?

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Maldita ferida...

- Cara, por que essa tristeza? O que houve?
- Rapaz, (snif) minha namorada me largou, estou sozinho no mundo, Meu Deus!
- Que isso cara, vocês sempre se deram tão bem, a gurizada sempre apontava vocês como o casal mais duradouro e verdadeiro da turma.
- Pois é, veja como são as coisas!
-Mas e por quê ela fez uma coisa dessas? O que tu aprontou?
- Não aprontei nada, ela me deixou porque apareceu uma ferida na minha boca..
-Ah, não acredito rapaz, por causa de uma ferida?
-Sim, essa aqui, olha..
-Nossa!

-Bom, mas mesmo assim, isso não é motivo cara, que doida, por causa de uma ferida, um amor deve resistir a esses contratempos corporais!
-Mas acontece que nesse caso o furo é mais embaixo, nós sempre tivemos esse lance de confiança, um sempre colaborando e compartilhando tudo com o outro, e quando essa ferida deu as caras fiquei um pouco envergonhado e cauteloso para os beijos, porque isso dói bastante e quando enfim criei coragem de dizer a ela meu problema a complicação foi ganhando forma. Disse a ela que não passava de uma feridinha, que em breve estaria curada enquanto ela dizia que como minha namorada tinha o direito de ver, para quem sabe, poder me ajudar a curá-la, talvez conhece-sse um remédio ou sei lá. O fato foi que ela disse que eu não confiava nela, que isso não era amor, e tudo o mais de massacrante que se possa dizer a um cara apaixonado.
-Entao ela te deixou por tu não mostrar a ferida?
-Na verdade, a gente conversou e nos acertamos, resolvi que o amor não faria com que ela sentisse repulsa, mas ela me deixou mesmo quando viu a ferida.
-Bah
-É...

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Meu avô me contou que...

...Sempre foi um homem muito pacífico, como seu pai, ambos pacíficos até que a discussão não terminasse em acordo. Certa feita quando ainda namorava minha avó ele foi a um baile na campanha, dos mais simples e mais tradicionais de que se possa falar, em um salão com paredes de madeira, chão batido e com o estacionamento lotado, de cavalos, claro. O dono do salão e por consequência da copa, se chamava Merêncio, homem igualmente pacífico, enquanto sóbrio, complicador quando no álcool, o que segundo meu avô era o de costume. Os amigos de meu avô tinham fama de brigões, mas todos claro, pacíficos. Dentre esses rapazes se destacava Alvarim, que não levava desaforo nenhum para casa. Por estar com minha avó, sua namorada meu avô que se chama Horizonte, fugia das confusões. Sabendo disso um amigo seu veio fazer o convite:
- Olha Horizonte, vamos embora porque daqui a pouco vai sair briga!
- Mas por que rapaz? - perguntou meu avô desacreditado na possibilidade de uma peleia devido a tranqüilidade da sala.
- Tchê, o Merêncio tá bêbado e tá inticando com todo mundo que vai lá na copa.
- Bom, eu vou te provar que não vai sair briga, vou lá na copa comprar uma branquinha! - Dito isto meu avô deixou minha avó aos cuidados do amigo e foi na tal copa com toda a tranquilidade que é uma característica sua.
Passado um tempo voltou ele um tanto alterado e disse:
- Vamos embora Rosa, que agora sim vai sair briga!
- Ah então tu concorda comigo agora Horizonte - rebateu seu amigo
- É que agora o Merêncio inventou de discutir com o Alvarim!
Dito e feito, meu avô descia a coxilha a cavalo com minha avó ao som dos facões e revolveres dentro da sala. Contou-lhe o Alvarim no outro dia, com a cabeça seqüelada da porretada que levara da filha do Merêncio, que aquele teria de achar uma boa costureira por que o número de pontos que o vivente leva para fechar um corte da orelha até o queixo não deve ser pouco.
Meu avô que é um homem pacífico assim como seus amigos, contou-me outras histórias, que aos poucos vou tentar digitalizar neste caderno dos contos.