quarta-feira, 30 de abril de 2008

Um Jovem chamado Emerson..

Sabe aquelas pessoas cheias de amigos, sempre sorridentes mas que por uma triste ironia do destino partem cedo deixando muita tristeza? Emerson foi uma dessas pessoas. Rapaz muito educado e bem relacionado, Emerson conheceu uma menina chamada Amanda, sua vizinha, amor por conseqüência, companheirismo por escolha. Durante muitos anos os dois desfilaram juntos, nas rodas de amigos e pelas festas da cidade, mas nunca puderam desfilar dentro da casa de Amanda, que era branca, em contraponto a ele que era negro. Mas isso lá alguma vez foi motivo para impedir amor? Não, claro que não, principalmente para eles que se queriam tanto.
O tempo..
Esta palavra é mística, pois ela remete a algo que conforta, ensina mas também destrói. Depois de cerca de nove anos juntos Amanda e Emerson tiveram um desentendimento, talvez pouca coisa, talvez coisa séria, quem sabiam eram eles, mas o fato foi que se separaram. Mas isso não separou suas casas, nem tampouco diminuiu o sentimento de Emerson. Em algumas semanas o rapaz não mais podia segurar o coração dentro do peito, pois a via, e o seu abraço, sua mão para mais uma passeio, se faziam necessários. Emerson passando por cima de todos os seus sentimentos de orgulho resolveu então deixar de perder tempo, ela era sua amada, a pessoa mais importante para sua alma, além claro de pai e mãe, mas esses ocupam espaços de amor diferentes dos do que uma pessoa como Amanda ocupava em seu peito naquele momento. Emerson pensou até em pedir ajuda ao pai da menina, que apesar de censurar o amor devido a cor do rapaz poderia se sensibilizar enfim. Naquela noite Emerson viu a mão de sua namorada, de seu amor para toda a vida, junto a mão de um outro rapaz, branco, mas isso era o que menos importava naquele momento, o que machucou foi que aquela era a mão do seu amor.
Ao lado da arma que ele usou para acabar com a própria vida, estava a rosa que Amanda deveria receber com amor e retribuir com um abraço dizendo a frase que ele mais desejava, eu te amo.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Mar de Rosas...

A anti-crônica vem guiando meus passos, depois de ler tanta besteira escrita por grandes cronistas, ou cronistas grandes, não sei precisar exatamente, resolvi que não mais escreveria, nem mesmo para o meu consumo como tem sido esse queridíssimo caderno de contos, nunca lido. Mas algo me veio a mente, algo dessas questões metafísicas, algo que me dá medo, mas que incrivelmente me faz rir, em saber como somos iguais, todos nós. Alguém diria que sou louco por afirmar essa igualdade, com que parâmetros se igualaria Bill Gates a mim, um coitado, em termos financeiros?.. E qual é minha resposta? A morte. Óh! Mas isso todo mundo sabe! Claro que todo mundo sabe, eu estou escrevendo pra mim mesmo, posso? Enfim.. Quando vivemos momentos felizes sejam eles no campo do amor (esses raros) no campo financeiro (esses suados ou conseguidos às mãos beijadas) ou no campo da amizade, a vida parece nossa, o corpo parece nosso, os pensamentos parecem ser os mais certos, e as atitudes então, corretíssimas, afinal, eles é que nos devem, o tempo todo, é o governo que erra, é o time que erra, nós nunca erramos. E é pensando nisso que quando estamos felizes por algum motivo tudo parece um mar de rosas, Azar é o deles em terem nascido na Etiópia, não é? O mundo é nosso!... Pois bem, é exatamente quando essa parte da festa acaba que nos damos conta de uma coisa, existe lá na frente uma indesejada a nossa espera, ela mesma, citada acima, a morte, que quer avise que venha, quer chegue de repente, ela vem! E aí cumpadi, descobrimos que esse processo biológico ao qual chamamos de corpo não nos pertence, que nosso pensamentos por mais bem intencionados que tenham sido não correspondem sempre ao sutil ou sensato e que nossas atitudes deixaram muito a desejar, afinal, não foi azar dos etíopes terem nascido lá não. Na hora da morte o cético vira religioso, que presunção querer virar santo no último instante, teria produzido muito mais enquanto saudável mas acontece que a vida não é um mar de rosas... Algumas aparecem mesmo depois do mar, depois da vida.